segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Num belo dia.

Numa bela noite ela dormiu com pensamentos tristes, que não a deixavam em paz a um bom tempo e que a deixavam cada vez mais distante de tudo o que ocorria no mundo. Ela, distante e distante e distante de todos os acontecimentos bons ou ruins no lugar onde morava, onde trabalhava, até onde somente transitava.
Ela não sabia de nada. Não conseguia enxergar nada, em meio à névoa que os pensamentos tristes deixavam em volta dela. Não conseguia sequer ouvir um assobio, um sussurro, ignorava cumprimentos distantes e mesmo até os mais próximos. Não prestava atenção às conversas que a envolviam.
Nesta bela noite ela conseguiu dormir. E sonhou com o brilho do sol. Sonhou com pálpebras abrindo, fechando e tornando a abrir. Sonhou com sorrisos enormes. Sonhou com cabelos ao vento, iluminados pelo sol, balançando lentamente. Liberdade, leveza.
Num belo dia ela acordou. O sol batia na janela, e dentro do quarto, pelo feixe de luz ela via pequenos grãozinhos de poeira que brilhavam assim que iluminados pelo sol. Aquilo era lindo, à sua maneira. A simples maneira de viver.
E não ouvia barulho algum. E se ouvia, achava até bom. Há vida lá fora, afinal. E não estar só já é por si uma mágica fantástica.
Ela abraçou os próprios joelhos, amando-se demasiadamente. O peso dos pensamentos tristes finalmente esvaiu-se de suas costas.
Porque estes momentos bons vem sempre repentina e sorrateiramente.
Num belo dia ela viu o sol atingir seu corpo em cheio, e aquilo deu-lhe a energia necessária para seguir em frente. É daí que vem a felicidade, ora! Do sol. Do brilho pontual do sol. Vem sempre que precisamos dele.
Vem sempre que pode, e sempre que for preciso.

Ela olhou para o céu, estendeu a mão e sorriu. O sonho veio à tona. A realidade também. E assim que ela se deu conta, começou a viver de verdade. Seu Éden já estava pronto. Era só aprender a aproveitar da maneira certa.

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