quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Je dis Vive la Fête, Pour Être Heroïque...

Qual a graça de virar a noite, dançar sem parar, cantar canções e beijar e pessoas jamais vistas antes? Qual a graça de ver as luzes piscarem, sentir o chão vibrar, ver todos tão empolgados, gritantes e eufóricos a sua volta? Qual a graça de fazer parte desse ambiente insano de festa, sem se cansar? Pra mim é tudo felicidade instantânea, que vai por noite e para pela manhã, quando você se vê de ressaca, sujo e com sono.

Qual a graça? Toda. É disso que muitos vivem. É isso que faz sentido pra muitas pessoas. É de felicidades instantâneas que o povo vive. Eu só peço que a festa nunca acabe, pois de pequenas alegrias, uma seguida da outra, é que tiro minha sobrevivência.

" Sete horas da manhã de um sábado vazio. Alguns desaventurados dispõem-se a ir ao trabalho. De resto, só os fantasmas, as sombras restantes da noite passada.
A névoa matinal transita pelos espaços abertos, nos becos há estilhaços, cacos de vidro, garrafas vazias. Ainda ouve-se o eco das canções tocadas anteriormente, o chão ainda sente os passos das danças, os pulos, os gestos. O ar ainda vibra com as ondas sonoras dos gritos, das loucuras ditas ainda no auge da noite que acabara de terminar.
Para alguns fora a melhor note de suas vidas. Para outros, só mais uma embriaguez. Para poucos, uma noite de sono monótona.
Os pássaros captam o clima do tímido nascer do sol. Ainda são muitas, porém limpas, as nuvens do céu.
Nas ruas ainda há a movimentação dos bohêmios, os sobreviventes daquela noite grandiosa. Surpreende-se quem os vê, sorrindo, divertindo-se, mesmo após uma noite em claro. Estão cansados, mas não rendem-se. Heróicos, vagando pela madrugada, felizes e bem acompanhados. Sabem o que há de melhor na vida. Admiráveis.
Viro a esquina, desço uma rua. São poucos os carros parados nos faróis. É ali que eu os vejo, nas bancas, nas lanchonetes vinte-e-quatro horas. Eu olho para eles e vejo suas alegrias, sua elegância. Chego até a sentir suas vibrações, sua energia. Reservo um pouco para mim.
Enquanto eu vou, eles retornam. E o sábado só está no início..."
(Crônica escrita realmente às sete horas da manhã, esquina da Alameda Santos com a Eugênio de Lima, São Paulo. Data não registrada)

Nenhum comentário:

Postar um comentário